
Quem vê o rosto tranquilo e o sorriso de Adriana Nunes Nogueira não imagina que a jovem de apenas 23 anos já carrega uma história dramática, marcada por cinco anos de uso contínuo de crack. Hoje, às vésperas de completar seis meses livre dessa droga devastadora, Adriana fala desse período de turbulência com a certeza que foi um tempo perdido, que ela quer deixar de vez no passado.
“Nunca mais quero aquela vida”, diz a jovem, que se livrou das drogas com a ajuda da comunidade terapêutica Missão Resgate da Paz, uma instituição não-governamental (ONG), vinculada à Igreja Batista da Paz, que desde 1998 ajuda na recuperação e reintegração social de mulheres dependentes químicas.
Adriana, que morava em Serranópolis, chegou em julho à unidade situada em Goiânia.
A jovem, que mede 1,68 metro de altura, pesava 36 quilos. “Eu era pele e osso”, recorda, ressaltando que a aparência debilitada era um reflexo direto do caos que o crack vinha causando em sua vida desde os 18 anos, quando foi morar com um rapaz usuário de drogas e também mergulhou na dependência química.
Os dois viviam na casa da mãe de Adriana, que era alcoólatra e morreu há um mês, vítima de pancreatite. Adriana não trabalhava e tinha abandonado os estudos. Por várias vezes, era a venda dos objetos furtados na casa da mãe que garantia a compra da droga.
Em 2007, Adriana engravidou de outro namorado e foi mãe de Anna Luíza, hoje com 2 anos. No ano passado, ainda morando com o dependente químico, ela voltou a engravidar do outro namorado e nasceu Yasmin, que tem 10 meses. “Minha vida era toda bagunçada”, recorda, ressaltando que nos últimos meses foi aos poucos percebendo que o crack lhe dava mais tristeza do que prazer.
Adriana, que nunca foi muito religiosa, procurou uma igreja evangélica. “A palavra de Deus me mostrou que eu precisava mudar de vida”, diz. A ameaça da perda da companhia das filhas, que tinham a guarda reivindicada pela avó paterna, também foi decisiva para Adriana buscar ajuda para se livrar das drogas.
“Eu não queria perder minhas filhas”, diz ela, que na busca de apoio, encontrou a Missão Resgate da Paz. Na unidade, Adriana e as outras internas estudam a Bíblia, fazem trabalhos manuais e aprendem a cuidar da casa e da vida. Tudo com direito a avaliações periódicas, que valem nota.
Adriana conta que tem nota até para a arrumação do quarto. A aluna que não atinge a média é reprovada e tem seu tempo médio de permanência na casa, que é de sete meses, prolongado. Exagero? Não para Adriana. “Aqui, aprendi a me conhecer melhor, a cuidar de mim, da casa e até a ser mãe, pois antes eu pensava mais na droga do que nas minhas filhas”, diz ela, que contou com esse apoio, muita fé e determinação para deixar o crack. “Não usei nenhum medicamento, pois Deus foi meu remédio”, afirma.
Adriana acredita que se a mãe dela tivesse tido o mesmo apoio talvez teria se livrado do vício do álcool. “Foi uma pena”, lamenta Adriana, que espera deixar a comunidade terapêutica no primeiro trimestre de 2010 e iniciar uma nova vida ao lado das filhas. Trabalhar e ingressar no curso de Farmácia fazem parte desses planos.
O ex-namorado, ela nunca mais viu. Soube apenas que ele voltou a usar drogas, após uma tentativa frustrada de recuperação. “Mas, com a ajuda de Deus, minha recuperação é definitiva”, diz, acrescentando que quer deixar a Missão Resgate da Paz pronta para dizer não às drogas.
A entidade trabalha para que todas as alunas saiam aptas a viver uma nova vida, livre de vícios. Presidida pelo pastor Sebastião Paulo de Oliveira, e tendo na vice-direção Sherydan Luíza de Oliveira, a unidade abriga atualmente cinco mulheres, além das duas filhas de Adriana.
Funcionando em uma casa alugada no Jardim América, a instituição sobrevive de doações de pessoas físicas e jurídicas e eventuais repasses de órgãos governamentais. “Precisamos de roupas, alimentos, principalmente carne, e dinheiro para o pagamento de despesas”, diz a secretária Valéria Barboza Azevedo Amorim. As doações em dinheiro podem ser depositadas na conta 603-3, da agência 2838-0, do Bradesco.
2 comentários
Escrito comentáriosEsta realmente foi uma excelente notícia de inicio de semana. Meu coração se encheu de alegria ao ver minha amada irmã Adriana na capa do jornal O Popular testemunhando do que Deus fez e pode fazer na vida daqueles que realmente crêem e se arrependem. Deus é fiel e nos constrange a cada dia com as suas maravilhas. Te Amo Jesus!
ReplyQue Deus continue a usar esse maravilhoso ministério para que vidas sejam salvas e restauradas pelo amor e poder de CRISTO JESUS. QUE 2010 SEJA O ANO DE VOSSAS COLHEITAS.
ReplyEM Cristo,
Miss. Joide e Edna Miranda - Cuiabá-MT www.joidemiranda.wordpress.com