Por Sherydan Luiza
O que leva uma pessoa ao uso das drogas? Há muita influência da cultura em que vivemos nessas formas de uso e/ou abuso de drogas, que estiveram presentes em toda a história da humanidade, desde os tempos mais antigos. O homem está sempre buscando por algo que o entorpece ou que o anestesia da dor que a realidade traz consigo. Derrepente a realidade parece querer fazer dele um ser em cativeiro e o mesmo busca por sua independência a qualquer custo. Mas, não há uma contradição nisto? O conhecimento da verdade é que pode nos oferecer caminhos para a independência, ou seja para a liberdade. Mas, a mesma é dolorosa e a cultura em que vivemos nos incita à fuga dela. Estatísticas afirmam que nunca se usou tantos analgésicos como agora. A realidade nos ensina que o crescimento é doloroso, mas porquê não aceitá-lo ou não enfrentá-lo?
Talvez a razão seja um motivo muito grave, que gera uma necessidade de fugir da que é realidade dura e implacável. Mas, a verdade é que este é um caminho de fácil acesso mas de difícil saída.
A consciência dos atos e das aflições podem nos livrar de um caminho sem volta... a morte. A vida é muito dura, castiga as pessoas em certos momentos. Alguns procuram soluções mais saudáveis, outros procuram caminhos que ao invés de solucionar o problema aumentam ainda mais seus conflitos com o problema do vício e da dependência.
Percebemos que existem muitos fatores que influenciam sim o uso abusivo de drogas, mas o mais importante é que estas substâncias oferecem o que a cultura de abuso que a humanidade vivencia, exige. O homem só consegue viver às custas do prazer imediato, e as drogas produzem prazer e reduzem sensações desagradáveis. Por isto o caminho da superação é quase utópico. As pessoas dependentes de drogas precisam encontrar outras fontes de prazer que possam substituir o prazer causado pelas drogas. Além disto, algumas pessoas procuram nas drogas uma sensação de alívio para um desconforto, por causa da sua intolerância em suportar a frustração, depressão, ansiedade ou os sintomas causados pela falta da droga (síndrome de abstinência). Desta forma, elas usam as bebidas alcoólicas ou outras drogas quase como uma auto-medicação.
O fato é que esta auto-medicação deixa de provocar o efeito esperado e contínuo do prazer e rouba do ser humano o direito de ser livre, fazendo dele um escravo que perde até a capacidade de decidir ou responder por si. A morte se torna evidente e esperada. Há aqueles que se conformam com esta realidade e outros que sofrem e lutam contra a desesperança para terem suas vidas de volta.
Atualmente o retrato da família que seria o grande bote salva-vidas desta pessoa que naufraga no furioso mar da dependência química, em muitos casos está comprometido com a cultura de abuso. Assim, a mesma nem percebe que pode ter facilitado para este naufrágio acontecer.
A dor da realidade a faz negar a situação e se a neutraliza enquanto fracassa em sua identidade. Na maioria das vezes prefere eliminar a sensação de culpa e torpor, responsabilizando o “drogado”, que nem sabe como reagir. Neste caso, a família está vulnerável, muito mais influenciável do que fluente, e fica evidente que está perdida em seu papel. Mas, a realidade comunica em todo o tempo: “A função da família não muda, então ela precisa apresentar soluções”.
“Vendi meu filho por R$ 500,00 Reais, e consumi tudo com a pedra”. Até onde uma pessoa pode ir para conseguir o efeito da droga? Ouvir uma mãe afirmar como efetuou a venda do seu próprio filho e seu desespero após o efeito da pedra fica evidente no pânico de sua fala. Isto gera questionamentos a respeito de como o Estado, a sociedade e a família vão se desprender desta teia de horror.
A dependência química é uma doença incurável e crônica. Afirma-se que, o dependente está em constante processo de recuperação e alguns estudiosos no assunto a comparam com a diabetes que exige a manutenção no tratamento pela vida toda.
Há fatores que aumentam as chances de o indivíduo iniciar o uso de drogas, ou ainda, que esse uso inicial ou moderado traga mais prejuízos para o usuário e os chamamos de fatores de risco, mas também há fatores que diminuem esses riscos, estes são os de proteção, que diminuem a chance de alguém iniciar o consumo de drogas.
Curiosamente, as pesquisas tem mostrado que, grande parte dos fatores de risco e de proteção relacionados ao uso de drogas são os mesmos observados em outros comportamentos de risco, tais como, delinqüência e violência juvenil, evasão escolar, gravidez na adolescência e comportamento sexual de risco. Por esta razão entendemos que vários fatores contribuem para a decisão de alguém usar drogas, e não somente um fator isolado.
Na doença dependência química não existe culpado, somente responsável, a culpa termina nela própria, e a responsabilidade começa nela própria. O adicto não é culpado pela doença, mas é responsável pelo tratamento e por caminhar em recuperação.
Qualquer dependente “limpo” é um milagre. Eles mantêm o milagre vivo em contínua recuperação através de atitudes positivas. Se, após algum tempo, sentirem dificuldades em manter a abstinência é porque, provavelmente abriram mão das novas habilidades sociais adquiridas, voltaram a reproduzir comportamentos da “ativa” ou de confiarem suas vidas e vontades à centralidade de Deus.
O governo promete muito, mas algumas ações por parte do poder público já aparecem, infelizmente algumas paliativas cujos resultados além de serem insatisfatórios são insignificantes. O poder público tem a obrigação de proporcionar a liberdade às pessoas que estão aprisionadas pelo vício do crack. O sentimento humano dos governantes deve ser realçado no momento de tomar alguma decisão de investir no combate desta praga. O traficante deve ser preso e punido exemplarmente e o dependente de passar por tratamento que seja extremamente eficaz, transformando uma pessoa que teria como destino muito provável o roubo, outros crimes ou a morte precoce. As autoridades brasileiras devem levar este problema mais a sério porque multidões de pessoas ou estão sofrendo com este problema ou tem alguém da família que está sofrendo com o vício do álcool ou de outras drogas como é o caso do crack .
As autoridades não estão sabendo por onde começar, diante deste caos instalado. Mas, será que a sociedade está preparada para rever a cultura instalada de abuso e prazer a qualquer custo? As família preparadas para rever sua função e assumí-la? O homem disposto a amar e a zelar pela vida, sua liberdade e seus bens? Enquanto isto... não podemos deixar de lutar para entender a realidade, aceitá-la e enfrentá-la sem as máscaras ou medicamentos que exigem a fuga da realidade e o desastre evidente da morte.
Que Deus nos ajude a perseverar na fé de que Há Esperança, e esta não confunde: JESUS, a verdade que nos livra das dependências em tudo o que entorpece a humanidade.